Diferente do controle de orgasmo, onde a escrava aprende a só gozar com ordem ou permissão do dono — quase um lugar comum nas relações D/s —, a castidade feminina é uma fantasia pouco frequente entre as submissas e escravas, tornando as portadoras desse desejo, na minha opinião, peças raras e preciosas. Essas, a partir de sua entrega extremada, experimentam um nível de prazer que vai muito acima do simples segurar o gozo até o fim da sessão.

No entanto, embora ficar casta seja muito gostoso para quem aprecia e sente prazer com isso, não é um prazer linear, contínuo, não é um prazer fofo. É um prazer tortuoso, que passa por uma montanha russa de sentimentos, indo de momentos de entrega da alma a momentos de desejo de matar o dominante, aquele desgraçado que não te deixa gozar. É corpo e mente batalhando incessantemente contra a vontade de obedecer à ordem de segurar o gozo, seja sozinha, seja sob os estímulos sádicos e provocativos impetrados pelo dom.

Parte do prazer sentido pela escrava casta vem da própria entrega, que a faz ter prazer no prazer do dominante. Ela sente prazer por saber que aquele que a domina sente prazer com a castidade dela, que ele sente prazer com a luta dela para não gozar, com o sofrimento que ela tem ao fazer isso. Isso é parte da própria submissão, onde, independente da prática, a submissa sente prazer no prazer de seu dominante.

Já a outra parte desse prazer é bem específica de quem curte a castidade, é o prazer que ela experimenta na própria negação. No começo é mais sofrimento, tanto físico quanto mental, daí os sentimentos oscilantes, mas à medida que ela vai resistindo ao desejo imediato do gozo, começa a experimentar o prazer do não-gozo e da excitação contínua e crescente à medida que o tempo passa. A excitação que não cessa, incômoda, torna-se um novo tipo de gozo, um gozo diferente e contínuo. Ela passa a gostar tanto desse gozo contínuo, desse estado de não-gozo, que chega uma hora em que vai ter dúvida se quer mesmo a liberação ou se torce para que o dominante a deixe casta por mais tempo.

O cinto de castidade, símbolo dessa fantasia, é para a maioria das submissas só um adereço, já que são capazes de ter orgasmos sem penetração ou até mesmo sem estimulação local, principalmente depois de dias segurando o desejo. Mas ele tem um grande efeito simbólico, além de ser um trambolho que vai tornar a vida dela deliciosamente mais complicada. Vem a ser um terceiro componente do prazer da castidade para aquelas que gostam de se sentir fisicamente limitadas e contidas, o que para mim é perfeito, visto que eu aprecio também as limitações e aprisionamentos do corpo da submissa.

Lrd.E

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