Como a maioria dos praticantes de bondage da minha geração o interesse por essa prática foi despertado pelas imagens vistas ainda na infância. No meu caso foi através de histórias em quadrinhos, já que vivi parte da infância no interior em uma localidade onde não havia luz elétrica. Nessa época via-se com bastante frequência cenas de mocinhas amarradas à mercê de terríveis bandidos tanto nos quadrinhos quanto na TV. Os mocinhos e heróis até eram presos de vez em quando, mas as mocinhas viviam sendo presas e ameaçadas o tempo todo, desde as mais frágeis secretárias vestindo tailleur até as heroínas superpoderosas em uniformes colantes, como a Mulher Maravilha e a Batgirl.

Nessa época eu via televisão muito raramente, quando ia na casa de algum parente na cidade, então meus referenciais eram todos de quadrinhos. Mas foi uma cena de televisão que vi totalmente por acaso que realmente me despertou. Eu tinha uns dez pra onze anos e não lembro na casa de quem eu estava, só sei que era um horário à tarde em que passavam uns seriados americanos e esse era o dia de As Panteras. Alguém ligou a TV na minha frente e apareceram as três, presas umas às outras por correntes nos pulsos e fugindo pelo mato, tentando manter o equilíbrio enquanto corriam e se desviavam de tiros. Depois foi pro comercial e desligaram o televisor por alguma razão que não me lembro mais.

Mas foi o bastante pra mim. Aquela cena que vi totalmente sem contexto (já que não vi o que aconteceu antes e nem depois no episódio) ficou na minha cabeça. Pelos dias seguintes fiquei repassando mentalmente aquela visão, e a cena ainda permaneceu viva pra mim durante alguns anos. Meses depois do acontecido eu mudei para a cidade e passei a ver televisão diariamente, então vieram as muitas cenas de bondage em desenhos, filmes e seriados, aumentando meu acervo mental enquanto a puberdade se iniciava. As cenas com cordas e mordaça de paninho branco acabaram se tornando as minhas preferidas, mas foi aquela cena com aquelas três belas mulheres acorrentadas que me acordou para uma das práticas definidoras da minha sexualidade.

Só anos depois descobri que tratava-se de um episódio chamado "Angels In Chains", onde as três eram levadas a uma prisão do interior e ficavam submetidas a uma carcereira sádica. Não vi o episódio inteiro até hoje.

Anos atrás fui assistir o longa-metragem "As Panteras" (Charlie's Angels, 2000) e tal foi a surpresa quando vi dentre as cenas iniciais uma reconstituição da cena das três acorrentadas no meio de outras que apareciam como flashes das aventuras anteriores do trio.

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